Presta atenção no leitor

É claro que quando uma mídia muda, o mundo muda junto.
Foi isso que ocorreu – e segue ocorrendo – com o uso absoluto da internet.
Mudamos a maneira de comunicar, trabalhar, comprar.

E a maneira como escrevemos mudou também?
Sim.
Nossos textos ficaram mais curtos, mais efêmeros, mais diretos.
Isso é ruim?
Não necessariamente.

As maneiras de escrever sempre mudaram.
Elas são fiéis à época e às tecnologias.
Quando a máquina de escrever chegou, a produção de textos aumentou.
Pois as teclas correm mais rápidas do que os dedos.

Quando chegaram os processadores de texto a maneira de escrever mudou muito.
Sim, ficou fácil demais deletar uma palavra, diminuir ou alongar frases.
Ficou simples demais trocar parágrafos de lugar.

Muitos escritores fizerem de conta que nada estava ocorrendo.
Mas o leitor viu que alguma coisa diferente estava acontecendo.
O leitor fez a mudança antes do escritor.

O leitor se tornou impaciente com textos longos.
O leitor começou a pular parágrafos.
Alguns leem apenas o primeiro e o último parágrafo.

No fundo é assim: saber mais lendo menos.
Isso é possível? Talvez!
O fato é que as pessoas estão tentando personalizar a forma da leitura.

E nós, autores no digital, com isso?
Se for verdade que todo escritor procura leitores, temos tudo a ver com isso.
Nosso objetivo é que nossa mensagem seja lida, preferencialmente do início ao fim.

Alguns escritores pulam para atrás.
Exclamam: Ah, eu vou ter que escrever sob medida?!?
Sim, você escreverá na medida de seu leitor.

Escritores são prestadores de serviço, da mesma forma que arquitetas, cozinheiros, professores.

Professores precisam prestar atenção no seu público, os alunos.
Cozinheiros precisam satisfazer o paladar, a visão e o olfato do seu público, os comensais.
Arquitetas precisam projetar para o seu público, moradores e usuários.
Escritores precisam conectar com o seu público, os leitores.

Simples e inteligente assim.

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